Breve histórico de mim mesmo

Nasci numa cidade bem longe daqui onde moro, talvez você nunca nem tenha ouvido falar nela, apesar dela ficar bem no meio do mundo. O meio do mundo deveria ter um clima meio-termo, mas não tem. O meio do mundo é muito quente e eu nunca gostei de morar no quente. Podem falar que é euro centrismo, mas eu nunca gostei mesmo.
Enfim, na infância eu brincava um monte, porque tive a sorte de morar nessa cidade pequena que se chama Santana. É, é junto e direto assim mesmo: Santana, sem apóstrofo. Minha casa ficava numa vila chamada Amazonas, que foi construída por uma empresa norte-americana (ou inglesa, isso é detalhe...), que levou todo o manganês da Serra do Navio e deixou um buraco num lugar de uma montanha, além de inúmeros casos de contaminação por arsênio (ou substância química nociva do tipo, os detalhes não importam definitivamente), mas que possibilitou a minha querida mãezinha de estudar e ser a incrível profissional que ela é hoje e me sustentar pra que eu tivesse a vida muito boa que eu tenho hoje.
Não me lembro do que eu brincava, mas eram coisas em que eu me sujava muito e voltava bem cansado pra casa no fim da tarde e tomava benho e comia a merenda que a minha vó fazia. Acho que eu era feliz, sei lá.
Daí, aos seis anos me mudei pra Macapá para a casa que a minha mãe tinha reformado com ela meus irmãos e meu padrasto (sim, meus pais nunca se casaram e se separaram quendo eu tinha três anos, mais ou menos). Macapá era perigosa demais pra eu ficar brincando na rua. Daí eu criei o meu mundo no meu quarto e no quintal de casa, e continuei brincando e indo pra escola que eu estudei quase a vida inteira. Tomei Nescau na mamadeira antes de dormir até os sete anos. Aos doze anos, algum desequilíbrio emocional ou físico (até hoje não sei) me fez voltar a fazer xixi na cama. Mas o que importa mesmo é que eu era um pré-adolescente que gostava de Spice Girls e ainda brincava um monte. Nessa época eu fiz a minha primeira peça de teatro.
A adolescência é um período ao mesmo tempo muito bom e muito ruim pra todo mundo. Não foi diferente comigo. Eu só parei de brincar aos 16 anos, quando não dava mesmo pra continuar. Afinal eu tinha que pensar no vestibular e coisa e tal. Pensei, mas não fiquei tão bolado assim, porque eu sempre vagabundava mas acabava tirando notas boas. Mas eu só fui começar a sair e beber e gandaiar mesmo aos 17, quando eu fazia terceirão e o primeiro trabalho sério de teatro da minha vida. Posso dizer que aproveitei um monte.
Daí, eu fiz a porcaria do vestibular e agora eu estou aqui nessa cidade, pra fugir de alguma coisa e buscar não-sei-o-quê. O importante é que agora eu curto a minha vida mais ainda e que se dane o resto.
E se alguma coisa não ficou muito clara é só marcar de tomar um café ou então uma cerveja que eu vou e conto tudo.
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